“Onde está o teu tesouro”?
“Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração”. (Mateus 6: 19-21)
Refletindo em torno dessa assertiva do Divino Mestre Jesus, fazemos alguns questionamentos sobre onde está assentado o nosso coração, onde está a verdadeira riqueza? No mundo globalizado atual, o convite para o consumo é muito grande. O poder do marketing das empresas sobre nós é fascinante. Utilizam ideias e imagens que mexem com nossas paixões inferiores, ou seja, se intimamente sou vaidosa, o marketing irá me convencer que, ao adquirir determinado carro ou uma marca de roupa, estarei fazendo parte de um pequeno grupo que tem poder de consumo e poderei ostentar essa condição alimentando, assim, minha prepotência e vaidade.
Transformam o supérfluo em necessário, em algo essencial para a vida, chegando a causar transtornos em pessoas fragilizadas emocionalmente ou que conseguem ser abduzidas pelas belas propagandas. Geram doenças como a compulsão por ter, mesmo que aquele produto fique guardado dentro do armário por anos. Costumo ouvir de algumas pessoas que não podem ver um sapato na vitrine que já saem comprando; para outros, a paixão é pelo celular, todo ano precisam comprar o mais atualizado; outros são loucos por roupas, por carros e assim caminha a humanidade.
Outra questão que resulta das propagandas é a depressão. Há pessoas que se deprimem porque não têm dinheiro para consumir o tal produto em voga, chegando a pautar a felicidade nos bens transitórios. É comum também ouvir de pessoas que, quando estão tristonhas, resolvem ir ao Shopping, mesmo que não tenham dinheiro para comprar, mas já se sentem melhores em observar os produtos expostos nas lojas.
O filosofo Sócrates costumava passear pelo centro comercial de Atenas. Quando vendedores o assediavam, ele respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.” Transitamos por um mundo impermanente, tudo se evapora no ar e só nos damos conta dessa verdade quando vemos na TV, na internet, nos tablets em tempo real, os tsunamis invadindo o Japão ou a Índia, carregando nas suas águas violentas, navios, casas, pontes e vidas. Quando se instala em nós ou em alguém próximo uma doença ainda incurável, aí nos perguntamos: para que tudo isso que tenho? O mais importante é viver!
Mas como viver? Somente em Jesus, em seu legado através das páginas imortais que nunca escreveu, e sim seus discípulos, cuidadosos em deixar para a humanidade a lição de amor e renovação onde encontramos a verdadeira paz e a vida. Mas espíritos com o nosso padrão mental só entendem o caminho através da dor, a grande mãe que nos desperta para a verdadeira realidade imortal.
Não levaremos, ao atravessar a noite escura da morte, nenhum bem material, apenas as nossas atitudes e conquistas intimas e intelectuais. As primeiras serão nossa senha para o reino dos céus, ou seja, para a paz de consciência e desfrutar da verdadeira felicidade. Por isso Jesus nos alerta sobre onde está assentado o nosso coração. Onde estou investindo enquanto mergulhada no corpo de carne? Nos bens transitórios? No apego aos mesmos? Onde estão as minhas preocupações? Em acumular o que é passageiro ou aproveitar o máximo que posso para aprender sobre a vida e sair dela com conquistas imorredouras?
Maria de Magdala, cansada de sofrer nas mãos dos homens pecadores e impiedosos, sentiu Nele uma atração irresistível. Cansada de vender seu corpo, exausta de viver a vida do corpo O procura instintivamente, porque no fundo do seu coração sabia que encontraria o conforto para sua alma perdida e desalentada.
Ao encontrá-Lo nunca mais foi a mesma. A partir daquele dia transformou-se em sua seguidora. Foi para ela que Ele se mostrou primeiramente, após a sua desencarnação, mostrando-nos o valor da mulher e que tinha muito a realizar em seu nome. Assim, Maria de Magdala se junta aos leprosos para cuidar dos rejeitados pela sociedade. Com o passar do tempo, vê sua pele com as manchas da hanseníase, tornando-se também um deles. Até o fim de sua vida dedicou-se a diminuir a dor dos seus irmãos e ao sair do corpo apodrecido, entrou na vida imortal vitoriosa e radiosa, porque soube, em pouco tempo, aproveitar o máximo se dedicando ao próximo por extensão a si mesma, encontrando o verdadeiro tesouro que está no espírito da abnegação, do desprendimento, do perdão, do amor e da mansidão.
Ana Cláudia de Jesus Barreto